http://dx.doi.Org/10.14482/psdc.35.3.155.2

Funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira de universitários brasileiros

Family functioning, differentiation of self and career adaptability of brazilian university students

Milena Carolina Fiorini* https://orcid.org/0000-0003-1390-1564

Marúcia Patta Bardagi* https://orcid.org/0000-0003-0224-2794

* UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil). Correspondência: milenacf.psicologa@gmail.com


Resumo

Embora a influência da família no desenvolvimento de carreira seja consolidada pela literatura científica, essa interface ainda é pouco explorada a partir da teoria familiar sistêmica, principalmente no contexto brasileiro. O objetivo deste estudo foi analisar as relações entre funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira de universitários. A amostra foi composta por 800 estudantes de 70 cursos de graduação de universidades brasileiras, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 35 anos. Constatouse que universitários com níveis mais elevados de diferenciação do self e adaptabilidade de carreira apresentaram maior equilíbrio entre coesão e flexibilidade na interação familiar e percepções positivas da comunicação e da satisfação em relação à família. Esses resultados podem contribuir para a elaboração de estratégias de intervenção por parte de profissionais na área da psicologia clínica, de aconselhamento de carreira e gestão universitária.

Palavras-chave: adaptabilidade; aconselhamento de carreira; relações familiares.


Abstract

Although the influence of the family in the career development is consolidated for the scien-tific literature, this interface is still little explored through the systemic family theory, mainly in the Brazilian context. The objective of this study was to analyse the relations between family working, differentiation of self and career adaptability of university students. The sample was composed for 800 students of 70 graduation courses of Brazilian universities, of both sexes, with ages between 18 and 35. It was found that university students with more elevated levels of differentiation of self and career adaptability presented higher balance between cohesion and flexibility in family interaction, and positive perceptions of communication and satisfaction in relation to the family. These results can contribute for the elaboration of intervention strategies by clinic psychology professionals, career counseling and university management.

Keywords: adaptability; career counseling; family relationships.

Citación/referenciación: Fiorin, M. & Patta, M. (2018). Funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira de universitários brasileiros.


Introdução

Em meados da década de 1950, a teoria desenvolvimentista, representada principalmente por Super (1957; 1981), influenciou significativamente os estudos sobre desenvolvimento de carreira. Ao longo de suas pesquisas, Super (1990) reformulou constantemente a sua abordagem até a denominada "teoria ao longo da vida e dos espaços de vida" (life-span, life-space theory), quando suas premissas passaram a atribuir maior importância a elementos de ordem familiar, cultural e socioeconômica.

A partir do século XXI, o processo gradual de globalização e o avanço tecnológico contribuíram para a crescente flexibilização e imprevisibilidade do mundo do trabalho de modo que a construção de teorias e as intervenções no campo da orientação profissional precisaram ajustar seus pressupostos diante dessas transformações. Savickas (2013) se destacou como o autor que deu o prosseguimento mais relevante ao conhecimento sistematizado pela teoria desenvolvimentista a partir da elaboração da teoria de construção da carreira (Career Construction Theory – CCT). Em um trabalho conjunto com outros pesquisadores, Savickas (2013) desenvolveu um novo modelo para a compreensão da trajetória de carreira: a perspectiva da construção da vida (life designing). O modelo recebeu influência do construcionismo e reconhece a carreira enquanto um processo contextual, dinâmico e processual (Savickas et al., 2009). Um dos conceitos mais importantes elaborados por Savickas (2013) se refere à adaptabilidade de carreira definida como um processo psicossocial que contempla a prontidão e os recursos do sujeito para lidar com tarefas atuais e iminentes de desenvolvimento profissional, com transições ocupacionais e com traumas pessoais.

Outra temática recorrente na literatura científica sobre carreira é a importância da família para o desenvolvimento profissional (Whiston & Fecha de recepción: 18 de agosto de 2016 Fecha de aceptación: 30 de junio de 2018 212 Milena Carolina Fiorini Marúcia Patta Bardagi Keller, 2004). Essa interface tem sido analisada sob diferentes perspectivas teóricas sendo que, a partir da década de 1980, alguns estudos passaram a adotar as concepções da teoria familiar sistêmica (Santos, 2010; Tessaro & Schmidt, 2017). A família, sob a perspectiva sistêmica, é um sistema que apresenta interdependência entre os membros e tende a passar por estágios que exigem reestruturações a fim de permitir o crescimento psicossocial de cada um de seus integrantes (Carter & McGoldrick, 1995). De acordo com Minuchin (1982), o funcionamento familiar envolve o estabelecimento e a manutenção dos vínculos entre os membros, os rituais que cultivam, a forma como lidam com os problemas e conflitos, a qualidade das regras e a definição de hierarquias e papéis. Ainda segundo o autor, a saúde da família não é determinada pela ausência de problemas, mas está estritamente ligada ao seu nível de flexibilidade e adaptação a mudanças e aos seus padrões de comunicação.

Um dos principais modelos de avaliação do funcionamento familiar utilizados em estudos sistêmicos trata do modelo circumplexo do sistema conjugal e familiar (Olson & Gorall, 2006), que categoriza o funcionamento familiar em seis tipologias, desde a mais saudável até a menos funcional: 1) Famílias equilibradas: determinadas pelo equilíbrio entre proximidade emocional e flexibilidade diante de mudanças; 2) Rigidamente equilibradas: denotam nível alto de proximidade entre os membros e disposição razoável para mudanças, porém com certa rigidez; 3) Medianas: caracterizadas pela integração relativamente saudável entre os membros, com equilíbrio entre todas as dimensões; 4) Flexivel-mente equilibradas: possuem baixa coesão entre os membros, porém com alta flexibilidade; 5) Caoticamente desligadas: definidas pela falta de proximidade emocional e dificuldade para lidar com mudanças; e 6) Desequilibradas: descritas como aquelas com menor nível de funcionalidade, dado que apresentam características de todas as dimensões negativas.

Embora os estudos na área de aconselhamento de carreira ainda priorizem o público adolescente, o desenvolvimento profissional de jovens adultos tem sido cada vez mais explorado pelos pesquisadores. A fase da adultez jovem, analisada partir da teoria do ciclo vital (Carter & McGoldrick, 1995), corresponde ao momento em que os filhos se diferenciam emocionalmente de suas famílias de origem. O processo de diferenciação do self é definido por Bowen (1978) como a capacidade para adquirir equilíbrio entre funcionamento emocional, intelectual, intimidade e autonomia nas relações. Além da constituição de novos relacionamentos íntimos, os principais indicativos de uma diferenciação satisfatória do self são o estabelecimento de objetivos profissionais e a busca pela independência financeira.

A aquisição do status de jovem adulto por parte dos filhos exige que os pais separem as suas próprias expectativas e conflitos referentes à realização, das expectativas e conflitos dos filhos (Carter & McGoldrick, 1995). Os jovens adultos que vivenciam a fase acadêmica enfrentam, ainda, a adequação a um novo contexto, mudanças de rotina e ampliação das responsabilidades, além de afastamento (físico e/ou emocional) da família (Fiorini, Moré, & Bardagi, 2017).

Quando se trata da relação entre diferenciação do self e funcionamento familiar, Bowen (1978) afirma que as famílias com funcionamento saudável tendem a estabelecer limites claros entre os membros e a manifestar flexibilidade diante de mudanças. Nesses casos, segundo o autor, os pais são mais inclinados a impulsionar o processo de diferenciação dos filhos. Por outro lado, as famílias podem apresentar um funcionamento emaranhado com baixa comunicação e alto grau de rigidez; ou, ao contrário, caracterizar-se pelo excesso de desligamento emocional e conse-quente ausência de apoio parental (Minuchin, 1982). Nesses últimos casos, o processo de diferenciação dos filhos tende a ser prejudicado, tornando-os mais dependentes emocionalmen-te e com certa dificuldade de adaptação frente a situações estressantes (Bowen, 1978) e aos desafios que perpassam as escolhas profissionais e o processo de adaptabilidade de carreira Fiorini et al., 2017).

A exploração do papel da família no desenvolvimento de carreira de jovens adultos é pouco expressiva no cenário brasileiro (Bardagi, Lassance, & Teixeira, 2012). Os resultados de investigações internacionais demonstram que a influência positiva da família tem sido associada pelo público jovem adulto ao fornecimento de informações sobre profissões e mercado do trabalho, ao incentivo relacionado à aquisição de autonomia e ao apoio parental relativo aos estudos. Já o lado negativo da influência da família na carreira vem sendo apontado pelos jovens adultos quando há pouca comunicação entre os membros da família, alta expectativa dos pais referente ao nível de desempenho dos filhos e pressão para que escolham profissões de acordo com as expectativas parentais (Bardagi et al., 2012).

A investigação da relação entre funcionamento familiar e carreira com base na teoria familiar sistêmica e no modelo circumplexo ainda é limitada, principalmente com jovens adultos e/ ou universitários. Os resultados encontrados por Hargrove, Creagh e Burgess (2002) sugeriram que tanto a coesão quanto a flexibilidade familiar se correlacionam positivamente com a formação da identidade profissional de gra-duandos. Duas pesquisas mais recentes (Lustig & Xu; 2018; Lustig, Xu, & Strauser, 2017) identificaram relações negativas entre coesão e flexibilidade no funcionamento familiar com ansiedade, conflito e confusão referente ao processo decisório de carreira dos universitários. Já com adolescentes, a investigação de Lee e Yi (2010) revelou associações positivas entre coesão e flexibilidade familiar com maturidade de carreira. Os resultados que integram variáveis familiares e adaptabilidade de carreira apontam o apoio parental como um recurso importante no desenvolvimento da adaptabilidade de jovens adultos universitários (Amarnani, Garcia, Restubog, Bordia, & Bordia, 2018; Chang, 2018; Guan et al., 2015; Guan et al., 2016; Han e Ro-jewski, 2015; Shulman et al., 2014).

Algumas pesquisas têm confirmado o pressuposto de Bowen (1978) referente à relação entre funcionamento familiar saudável e níveis elevados de diferenciação do self (Chung & Gale, 2008; Kim et al., 2014; Kim et al., 2015). Quando se trata especificamente da associação entre o construto de diferenciação do self e variáveis ligadas ao desenvolvimento de carreira, a literatura científica é escassa, mesmo no contexto internacional (Miller, Anderson & Keala, 2004). Dentre os poucos estudos encontrados, os achados de Johnson, Schamuhn, Nelson e Buboltz (2014) demonstraram associação positiva entre diferenciação do self com tomada de decisão e formação da identidade profissional. Já os resultados obtidos por Chang (2018) evidenciaram associação positiva entre diferenciação do self e ajustamento psicológico durante o período acadêmico.

Percebe-se que, embora a relação entre aspectos familiares e desenvolvimento de carreira seja consolidada pela literatura científica, estudos que se fundamentem na teoria familiar sistêmica e foquem no público universitário ainda carecem de maior exploração (Tessaro & Schmidt, 2017). Ressalta-se, também, que não foram identificadas investigações que tratem conjuntamente das três variáveis centrais desta pesquisa: funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira. A relevância desta pesquisa se pauta, portanto, na possibilidade de integrar esses três fenômenos no contexto da adultez jovem e do período acadêmico, no sentido de fornecer subsídios tanto para a atuação de psicológicos na área clínica, familiar ou individual, quanto para a atuação de profissionais que trabalham com aconselhamento de carreira. Espera-se, também, que os resultados deste estudo contribuam para a elaboração de estratégias de gestão universitária a fim de gerar reflexões acerca do papel da família no processo de adaptabilidade dos estudantes.

Com base no panorama apresentado, o objetivo do presente estudo foi analisar as relações entre percepção do funcionamento familiar, nível de diferenciação do self e adaptabilidade de carreira de estudantes universitários brasileiros. De acordo com os apontamentos da literatura e as características de cada uma das variáveis, a hipótese central da pesquisa foi: níveis equilibrados de coesão e flexibilidade familiares, bem como índices maiores de satisfação e comunicação familiares, estão correlacionados positivamente com níveis mais elevados de diferenciação do self e de adaptabilidade de carreira. Este estudo é parte de uma dissertação de mestrado que avaliou aspectos familiares e de carreira em estudantes universitários no Brasil.

MÉTODO

Participantes

Participaram deste estudo 800 estudantes universitários de 70 diferentes cursos de graduação de universidades brasileiras, públicas e privadas, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 35 anos (M=22,7; DP=3,92). Houve prevalência de universitários da região Sul do Brasil (87,4%) e do sexo feminino (66%).

Instrumentos

a) Questionário sociodemográfico: foi elaborado exclusivamente para o estudo e contemplou perguntas sobre dados pessoais, acadêmicos, profissionais e familiares;

b) Escala de Avaliação da Flexibilidade e Coesão Familiar (FACES IV - Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scales) (Olson & Gorall, 2006; Olson, Gorall, & Tiesel, 2007; traduzido para o Brasil por Minetto, 2010; em processo de validação para o Brasil): instrumento de autorrelato composto por 62 itens que mensura o funcionamento familiar a partir de quatro dimensões: coesão, flexibilidade, comunicação e satisfação. A coesão se refere à ligação emocional estabelecida entre os membros; a flexibilidade reflete a capacidade da família para alterar sua estrutura de poder, suas regras, papéis dos membros e relações em geral em resposta a situações de crise; a comunicação representa as habilidades positivas dos membros para se comunicarem; e a satisfação denota a forma como cada integrante se sente em relação à família.

A relação entre as escalas de coesão e de flexibilidade é obtida a partir de seis níveis de resultados, dois positivos (coesão equilibrada e flexibilidade equilibrada) e quatro negativos (coesão desengajada, coesão emaranhada, flexibilidade rígida e flexibilidade caótica). A coesão desengajada denota baixa proximidade e alto nível de independência; a coesão emaranhada, ao contrário, caracteriza-se pela dependência excessiva e níveis elevados de proximidade; a flexibilidade rígida sugere disciplina familiar rigorosa e delimitação rígida de papéis e funções, além de pouca abertura para mudanças; e a flexibilidade caótica indica ausência de disciplina aliada à falta de definição clara de papéis e funções (Olson et al., 2007). Neste estudo, os índices de consistência interna da FACES IV foram bons ou excelentes: escala total: 0,90; coesão equilibrada: 0,85; flexibilidade equilibrada: 0,81; coesão desengajada: 0,81; coesão emaranhada: 0,61; flexibilidade rígida: 0,75; e flexibilidade caótica: 0,78.

c) Inventário de Diferenciação do Self Revisto (DSI -R - Differentiation of Self Inventory Revised) (Skowron & Friedlander, 1998; validado para Portugal por Major, Rodriguez-Gonzalez, Miranda, Rousselot & Relvas, 2014): questionário de autorrelato que mensura a diferenciação do self, mediante a avaliação das suas relações significativas com a família de origem. É constituído por 46 itens, divididos em quatro dimensões: reatividade emocional, que mensura a capacidade para responder aos estímulos ambientais com base em respostas emocionais automáticas; corte emocional, que indica o limite ou distanciamento emocional e comportamental em relação aos outros, bem como um possível temor em relação à intimidade nos relacionamentos; posição do eu, que representa um sentido claro e definido do self e a capacidade de manter as crenças e convicções pessoais mesmo quando pressionado a fazer o contrário; e fusão com outros, a qual reflete a identificação e o envol-

vimento emocional com os outros significativos, que pode gerar certa dependência afetiva (Skowron & Schmitt, 2003). Os resultados deste estudo apontaram bons índices de consistência interna: escala total: 0,90; reatividade emocional: 0,85; posição do eu: 0,78; corte emocional: 0,76; e fusão com os outros: 0,76.

d) Escala de Adaptabilidade de Carreira (CAAS - Career Adapt-Abilities Scale) (Savic-kas & Porfeli, 2012; validado para o Brasil por Teixeira, Bardagi, Lassance, Magalhães & Duarte, 2012): escala desenvolvida como resultado de um trabalho conjunto que contou com uma equipe de psicólogos de 18 países. O instrumento contém 24 itens subdivididos nas seguintes dimensões: preocupação – refere-se à orientação positiva em relação ao futuro da carreira; controle – relaciona-se à capacidade para controlar as tentativas de preparação para o futuro profissional; curiosidade – diz respeito à habilidade para explorar a si mesmo e a possíveis futuros cenários de carreira; e confiança – reflete a disposição para implementar os planos profissionais (Savickas & Porfeli, 2012). Nesta pesquisa, o Alfa de Cronbach foi de 0,92 para a escala total e de 0,84; 0,79; 0,83; e 0,85 para as dimensões preocupação, controle, curiosidade e confiança, respectivamente. Todos os índices foram considerados adequados.

procedimentos e considerações éticas

Os materiais e instrumentos foram aplicados de forma on-line por meio de um protocolo desenvolvido na plataforma Google Docs. Os participantes foram contatados via redes sociais, fóruns de graduação, e-mails de centros acadêmicos, empresas juniores e coordenado-rias dos cursos de graduação. A participação foi voluntária e resguardada pela garantia de anonimato. Os procedimentos utilizados no estudo seguiram a Resolução 466/2012 (Conselho Nacional de Saúde, 2012), que dispõe das regras sobre pesquisa com Seres Humanos nas Ciências Humanas e Sociais. O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com número de parecer 1.556.427. Na primeira parte do protocolo on-line, os participantes consentiram com os termos estabelecidos no TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, clicando na opção "concordo". Como devolutiva, todos os interessados receberam o relatório final do estudo via e-mail.

Análise dos dados

Os dados foram analisados com apoio do SPSS – Statistical Package of Social Sciences 22.0. Inicialmente, foram verificados os índices de consistência interna (Alfa de Cronbach) dos instrumentos utilizados. Posteriormente, foi utilizado o Teste de correlação de Pearson para testar a hipótese do estudo.

Resultados

Os resultados referentes ao teste de correlação de Pearson estão ilustrados no Anexo (Tabela 1: Correlações entre funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira (sendo que: * = correlações entre 0,20 e 0,30: baixas; ** = correlações acima de 0,30: moderadas)).

Referente às correlações entre as variáveis diferenciação do self e adaptabilidade de carreira, a dimensão da diferenciação que obteve a correlação mais forte com o escore total da

adaptabilidade foi a posição do eu (r=0,39) que, por sua vez, também se correlacionou com: confiança (r=0,49), curiosidade (r=034) e controle (0,30). Houve, ainda, a correlação da fusão com os outros (r=0,30) e da reatividade emocional (r=0,29) com a confiança, que obteve correlação moderada com o índice total de diferenciação de self (r=0,41). Já as dimensões curiosidade (r=0,22) e controle (r=0,20) tiveram correlações baixas com o escore total de diferenciação. Ressalta-se que a preocupação foi a única dimensão da adaptabilidade de carreira que indicou correlação muito baixa com a diferenciação do self (r=0,10). Com base nesses resultados, pode-se afirmar que há correlação positiva entre as variáveis diferenciação do self e adaptabilidade de carreira, fato que valida parte da hipótese principal desta pesquisa.

No que diz respeito às correlações entre diferenciação do self e funcionamento familiar, observou-se correlação negativa moderada entre o tipo de família e a dimensão corte emocional (r=-0,42), que também se correlacionou negativamente com coesão desengajada (r=-0,40). Além disso, constatou-se correlação positiva do corte emocional com todas as dimensões positivas do funcionamento familiar: coesão equilibrada (r=0,34), flexibilidade equilibrada (r=0,30), comunicação familiar (R=0,34) e satisfação familiar (r=0,36). Por fim, a dimensão coesão emaranhada se correlacionou negativamente com a fusão com os outros (r=-0,30). De acordo com esses resultados, ratifica-se a hipótese que concebia níveis mais elevados de satisfação e comunicação familiar, bem como equilíbrio entre as dimensões coesão e flexibilidade entre os participantes com escores mais elevados de diferenciação do self.

Já no que se refere às correlações entre os escores totais da adaptabilidade de carreira e do funcionamento familiar, não foi observado resultado estatisticamente significativo. As dimensões positivas do funcionamento familiar apresentaram correlação com o escore total da adaptabilidade de carreira: flexibilidade equilibrada (r=0,24) e coesão equilibrada (r=0,19). A flexibilidade equilibrada, por sua vez, obteve correlação positiva com as dimensões controle (r=0,25) e curiosidade (r=0,21). Já a coesão equilibrada se correlacionou positivamente somente com o controle (r=0,21). A comunicação e a satisfação familiares obtiveram o mesmo nível de correlação com o escore total de adaptabilidade (r=0,24) e com a dimensão controle (r=0,22). Também obtiveram resultados parecidos referentes à correlação com a confiança: comunicação familiar (r=0,20) e satisfação familiar (r=0,21). Constatou-se, ainda, correlação positiva fraca entre comunicação familiar e curiosidade (r=0,20).

Discussão

O objetivo central deste estudo foi analisar as relações entre funcionamento familiar, diferenciação do self e adaptabilidade de carreira de estudantes universitários brasileiros. Dentre os resultados mais substanciais, constatou-se que os estudantes com índices mais elevados de diferenciação do selftendem a apresentar maior adaptabilidade de carreira e se enquadraram nas categorias familiares com funcionamento mais saudável. Quando se analisam os resultados referentes à relação entre funcionamento familiar e adaptabilidade de carreira, não foi verificada influência expressiva das tipologias de família. No entanto, as dimensões positivas do funcionamento familiar apresentaram maior frequên-cia entre os graduandos com maiores níveis de adaptabilidade de carreira. Esses resultados permitem, pelo menos parcialmente, confirmar a hipótese defendida por esta pesquisa.

No que diz respeito à relação entre diferenciação do self e adaptabilidade de carreira, os resultados vão ao encontro de alguns achados da literatura científica. Embora não tenham sido identificadas outras investigações que abordassem especificamente a relação entre os dois construtos, a adaptabilidade de carreira já foi associada positivamente com diversas variáveis que tratam de questões ligadas à regulação emocional, como autorregulação (Creed et al., 2009; Merino-Tejedor, Hontangas & Boada-Grau, 2016), senso de controle (Duffy, 2010), resiliência (Buyukgoze-Kavas, 2016) e inteligência emocional (Merino-Tejedor, Hontangas & Petrides, 2018; Udayar, Fiori, Thalmayer & Rossiera, 2018); e negativas com neuroticismo (Bardagi & Albanaes, 2015; Li et al., 2015) e traços patológicos da personalidade (Carvalho, Moreira & Ambiel, 2017). Já a diferenciação do self obteve correlações positivas, por exemplo, com decisão profissional e formação da identidade profissional (Johnson et al., 2014). Destacam-se, ainda, os achados de Skowron et al. (2004) e Chang (2018), que sugeriram o processo satisfatório de diferenciação como um recurso para lidar com estresse gerado pelas demandas da universidade, influenciando positivamente o processo de adaptação dos graduandos.

A ausência de correlação estatisticamente significativa da preocupação com as dimensões da diferenciação permite supor que os indivíduos mais diferenciados demonstram maior propensão para desenvolver ações profissionais práticas de modo que a preocupação, que é mais orientada para o planejamento da carreira, pode ter sido superada em fases anteriores ao período universitário. Super (1980, 1990) apoia essa interpretação ao conceber que, durante a adolescência, predominam ideias mais hipotéticas e idealizadas sobre o mundo profissional. Já no decorrer da adultez jovem, o foco da carreira tende a ser a experimentação, o desempenho de papéis e a conversão das preferências em implementações práticas das escolhas.

Ao considerar as relações entre funcionamento familiar e diferenciação do self dos estudantes, observou-se que indivíduos mais diferenciados tendem a ser mais satisfeitos com a relação familiar, além de perceberem sua comunicação com a família de forma positiva, em conformidade com os resultados anteriormente obtidos por Kim et al. (2014). Os universitários com níveis mais elevados de diferenciação do self também identificaram suas famílias como saudáveis, corroborando com os achados de outras investigações (Chang, 2018; Chung & Gale, 2008; Kim et al., 2015). A correlação positiva encontrada entre a coesão equilibrada e a flexibilidade equilibrada (dimensões positivas do funcionamento familiar) com o corte emocional sugere que o estabelecimento de limites claros entre os sub-sistemas familiares tende a facilitar o processo de diferenciação dos universitários, conforme premissas de Minuchin (1982) e Bowen (1978). Segundo esses autores, quando as fronteiras entre os subsistemas familiares são difusas, ou seja, sem limites claros de funções e hierarquias entre os integrantes, as famílias tendem ao envolvimento excessivo e demonstram dificuldade para lidar com as crises geradas pelas transições do ciclo vital, fato que interfere negativamente no processo de diferenciação do jovem adulto.

Os resultados referentes às relações entre funcionamento familiar e adaptabilidade de carreira indicam que a percepção saudável do funcionamento familiar tende a gerar maior possibilidade de desenvolvimento de adaptabi-lidade por parte dos estudantes, principalmente quando se trata da aquisição de competências para controlar melhor os desafios profissionais como responsabilidade, esforço, autodisciplina e persistência (controle). Essa reflexão se pauta na constatação de que a percepção positiva da coesão equilibrada, da flexibilidade equilibrada, da comunicação e da satisfação familiares se relacionou com índices mais elevados de adaptabilidade.

Apesar das baixas correlações identificadas neste estudo entre o tipo de família e a adaptabi-lidade de carreira, aliadas à carência de pesquisas científicas que abordam conjuntamente os dois construtos, as correlações observadas entre as dimensões citadas condizem com resultados de estudos baseados no modelo circumple-xo. Hargrove et al. (2002) sugeriram relação entre coesão e flexibilidade equilibradas com formação da identidade profissional; Lee e Yi (2010), com maturidade de carreira; e Lustig e Xu (2018) e Lustig et al. (2017) demonstraram relação negativa dessas variáveis familiares com fatores como ansiedade, conflito e confusão em relação à escolha profissional. Ressaltam-se, também, as recentes correlações positivas obtidas entre apoio parental e adaptabilidade de carreira (Amarnani et al., 2018; Guan et al., 2015; Guan et al., 2016; Han & Rojewski, 2015; Shulman et al., 2014).

A integração dos resultados encontrados por meio deste estudo permite consolidar os pressupostos de teorias sistêmicas clássicas (Minuchin, 1982; Bowen, 1978) no que diz respeito ao impacto do funcionamento familiar no processo de diferenciação de jovens adultos. A análise sistêmica das informações obtidas retrata que as famílias com fronteiras muito difusas, confusão entre papéis e excesso de envolvimento emocional parecem ser as menos favoráveis ao desenvolvimento da diferenciação do self entre os graduandos. Destaca-se, ainda, que os jovens adultos que conseguem estabelecer limites familiares saudáveis e posicionar-se diante dos desafios da vivência universitária tendem a adaptar-se a esse período da carreira com maior facilidade. Outro dado relevante oriundo desta pesquisa se refere à importância da comunicação e da satisfação familiares como recursos para o desenvolvimento de adaptabilidade dos universitários.

No entanto, é fundamental pontuar que esses resultados não podem ser generalizados para todo o público universitário brasileiro, dado que o Brasil é caracterizado por disparidades de ordem econômica, social e cultural. A grande maioria dos universitários participantes da pesquisa são naturais da região Sul do Brasil que, além de apresentar os maiores índices socioeconômicos do País, também possui peculiaridades culturais regionais que, embora não exploradas por esta investigação, precisam ser assinaladas.

As implicações deste estudo para a prática fornecem subsídios para a elaboração de estratégias de diagnóstico e intervenção tanto para psicólogos na área clínica (individual e familiar) quanto para profissionais que atuam com aconselhamento de carreira de jovens adultos e, principalmente, de universitários. Tendo em vista o impacto do funcionamento familiar em momentos de transição do ciclo vital, como é o caso do período universitário, as premissas defendidas pela perspectiva familiar sistêmica, já consolidadas na psicologia clínica, também

podem servir de aporte para o aconselhamento de carreira. Do mesmo modo, os processos psicoterapêuticos também requerem maior notoriedade dos aspectos relativos ao desenvolvimento de carreira, dado que a fase da adultez jovem sofre uma influência recíproca de elementos individuais, familiares e profissionais.

Esta pesquisa pode contribuir, também, para que a implantação de estratégias de gestão universitária atente para a família dos estudantes como uma possível parceira para o processo de adaptação à vida acadêmica. Uma sugestão, nesse sentido, seria promover um momento de integração de cada semestre letivo para que os pais dos graduandos se apropriem do espaço da universidade tomando conhecimento dos elementos que farão parte do cotidiano dos filhos. Indica-se, também, que, anteriormente à entrada na universidade, as áreas de gestão acadêmica promovam palestras e workshops nas escolas de ensino médio abarcando alunos e suas famílias Temáticas que abordassem, por exemplo, a importância da família no processo de escolha de carreira, informações acerca das profissões e do mercado de trabalho e exploração do autoconhecimento que talvez viriam a potencializar a participação da família após a entrada na universidade. Outro ponto a ser destacado se refere à importância do fornecimento de serviços de atendimento psicológico e aconselhamento de carreira para o público acadêmico, como foco na complexidade envolvida na carreira dos estudantes, que abrange fatores de ordem individual, familiar, sociodemográfica e institucional.

Dentre as limitações desta pesquisa, ponderase que algumas das correlações obtidas são consideradas fracas a moderadas. Ainda que, em se tratando de fenômenos psicológicos, isso não represente um problema, cabe ressaltar a inviabilidade de conferir relações de causalidade entre as variáveis investigadas. Além disso, pontua-se a utilização da escala FACES IV que, apesar de apresentar bons índices de consistência interna neste estudo, ainda se encontra em processo de validação no Brasil.

A escassez da produção científica relativa a estudos sobre desenvolvimento de carreira fundamentados na teoria familiar sistêmica confere um vasto campo de possibilidades para novas pesquisas. A exploração das temáticas abordadas com o emprego de métodos qualitativos e longitudinais colaboraria, respectivamente, para a compreensão da forma como as relações encontradas se processam e para a apreensão das variações dos fenômenos ao longo do tempo. Nesta investigação, optou-se por enfatizar as relações de caráter mais processual, sendo que novos estudos poderiam abarcar outras variáveis estruturais como o nível socioeconô-mico e educacional da família, por exemplo. Por fim, sugerese o aprofundamento das análises estatísticas, mediante testes de modelos de regressão, como forma de identificar com maior clareza as dimensões do funcionamento familiar e da diferenciação do self que apresentam impacto mais significativo sob a adaptabilidade de carreira.


Referências

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Anexo