Revista de Derecho

ISSN electrónico: 2145-9444.
ISSN impreso:1657-2416
Nº 8 enero-diciembre de 2007

Fecha de recepción: octubre 28 de 2007
Fecha de aceptación: diciembre 4 de 2007


O diálogo como estratégia das ações educativas no hospital: o pedagogo hospitalar e alguns saberes e fazeres

RICARDO TOMASINI
GRADUADO EM PEDAGOGIA, ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA HOSPITALAR PELA FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ, MESTRANDO EM EDUCAÇÃO PELA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ E PROFESSOR DA DISCIPLINA DE USO DE ÁLCOOL E DROGAS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL. (RICARDO.TOM ASINI@HOTM AILCOM )


RESUMO

Com base nas teorias da educação e da saúde, busca-se construir diálogos entre teorias e práticas, motivando e valorizando a participação do leitor com questionamentos relativos às práticas educativas e pedagógicas. Expõem-se brevemente relatos de experiências no estágio realizado no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, na interação discente do curso de especialização em pedagogia hospitalar com o projeto de intervenção pedagógica através de ações lúdicas. Busca-se ainda, articulação com os conteúdos teóricos da disciplina de práticas pedagógicas realizada no mestrado em educação.

Mais do que uma reflexão teórica, pretende-se estabelecer um diálogo entre a prática anterior e o mestrado, as teorias e autores estudados neste, em uma tentativa de levantar questionamentos relevantes a todos profissionais da educação e da saúde, com o intuito iniciar novas reflexões sobre a práxis pedagógica.

palavras chave: Pedagogia Hospitalar; prática pedagógica; prática educativa, humanização da saúde; Diálogo.


RESUMEN

Con base en las teorías de la educación y de la salud, se busca construir un diálogo entre la teoría y la práctica, motivando y valorizando la participación del/la lector/a con interrogantes relativos a las prácticas educativas y pedagógicas. Se exponen brevemente relatos de experiencias en la pasantía realizada en el Hospital Universitario Evangélico de Curitiba, en la interacción discente del curso de Especialización en Pedagogía Hospitalaria, con un proyecto de intervención pedagógica a través de acciones lúdicas. También se busca la articulación con los contenidos teóricos de la disciplina de prácticas pedagógicas realizadas en la Maestría en Educación. En vez de una reflexión teórica, se pretende establecer un diálogo entre la práctica anterior y durante la maestría, las teorías y los autores estudiados en la maestría, con la intención de formular interrogantes relevantes a los profesionales de la educación y de la salud, para iniciar nuevas reflexiones sobre la praxis pedagógica.

palabras clave: Pedagogía Hospitalaria, práctica pedagógica, práctica educativa, humanización de la salud, diálogo.


ABSTRACT

Based on the theories of education and health, it is attempted to build a dialogue between theory and practice, motivating and valuating reader's participation with questions related to educational and pedagogical practices. This article presents exposes narrations of experiences at Hospital Universitario Evangélico de Curitiba as an assistant student in the course of Specialization in Hospital Pedagogy, carrying out a project of pedagogical intervention by using play-based activities. It also aims at articulating the practice to the theoretical contents of the subject pedagogical practice of the Master Course in Education. Instead of a theoretical reflection, it is attempted to establish a dialogue between the previous practices and the ones in the Master Course, the theories and the authors studied in the courses, with the aim of asking relevant questions to health and education professionals in order to start new reflections about the pedagogical praxis.

key words: Hospital Pedagogy, pedagogical practice, educational practice, health humanization, dialogue.


PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

Quantos somos, não sei... Somos um, dois, três,
Talvez quatro, cinco, talvez nada. Talvez a multiplicação de cinco e cinco
mil E cujos restos encheriam doze terras.
Vinicius de Morais

Na epígrafe, Vinicius de Moraes reflete em linguagem artística a diversidade que encontra-se em nosso cotidiano nas nossas práticas pedagógicas, sejam elas onde forem, ou mesmo, sejam estas aceitas e ou conceituadas como pedagógicas ou educativas. Parte-se do pressuposto de que a educação, como dizia o saudoso Paulo Freire, além de "um ato político", é também humanizador, transformador, dialógico, que provoca -ou deveria provocar- reconstruções do conhecimento.

Já, sobre o diálogo, Freire (1983, p.96) comenta que: "Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia". Transversalmente, Freire está delineando um dos princípios de redes sociais naturais, as quais, por definição não possuem líderes, aquele que "sabe mais" e por isso incorpora o papel de representante do saber. Porém, ao contrário disso, esse tipo de rede social pressupõe que todos os atores sociais de sua complexa teia mantenham uma relação horizontal onde todos participam e contribuem igualmente com seus saberes e práticas sociais.

Assim, o dialogar a que se pretende neste estudo é extrapolar as conversas com os autores que fundamentam este trabalho estabelecendo um colóquio com o leitor que, como diria Leonardo Boff (1997, p.04): "todo leitor é co-autor do que lê, porque lê e interpreta a partir da sua experiência de vida, de onde seus pés pisam".

Algumas questões pertinentes instigam a atenção: será que a Prática pedagógica é realmente humanizadora, e sendo assim, voltada às reais necessidades humanas e o seu processo de socialização? Não pretendendo remeter ao utilitarismo, ser "pedagógico" é ser formal didaticamente, correto no que diz respeito à educação? E o que acontece em hospitais, clínicas, casas de apoio, indústrias, igrejas, Ilês de Candomblé, dentre outras instituições que fazem parte do tecido social, podem ser consideradas como "Pedagógicas" ou "Educativas"? Então, o que dizer de uma "escola", uma "sala de aula" e uma "classe escolar" que fica fora dos muros da escola? Como considerá-las local da ação pedagógica?

Por várias vezes ouvem-se em palestras e conversas informais que os professores não conseguem ter clareza do contexto sócio-cultural que envolve as suas salas de aulas devido à complexidade deste cenário. Ou, como diz Eneida Simões da Fonseca (2003, p.07) "Queremos reforçar que a pessoa precisa de uma escola e esta escola deve se adequar aos interesses e necessidades desse indivíduo, independente de estar, ou não, hospitalizado" A autora evidencia o direito a uma escola igual e de qualidade para todos, como consta na Carta Magna Brasileira no Capítulo III, Seção - I - Da Educação. Tomando os devidos cuidados para que as ações a serem planejadas para as "Classes hospitalares" observem os limites impostos pela situação de saúde e estrutura disponível, as atividades devem se assemelhar ao máximo à classe escolar. Mais do que uma lei que expressa o dever do Estado e um direito do cidadão, a escola no hospital pode tornar-se instrumento de reintegração social àquelas pessoas temporariamente afastadas do convívio social.

Obviamente, não se pretende esgotar um tema tão amplo como este em tão curto espaço de tempo, mas sim tecer "conversas ao pé-de-ouvido" que possibilitem refletir sobre temas polêmicos e, ao mesmo tempo, relacionados. Mesmo discutindo com maior ênfase no âmbito da educação, a pretensão é discuti-los buscando fundamentos das duas áreas (educação e saúde), encaminhando reflexões sobre a prática que é executada nos limites de "domínio" da saúde coletiva.

Lembrando as ações desenvolvidas através de algumas observações e os relatos colhidos no ambulatório pediátrico do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, em 2002-2003, quando da realização da pesquisa de campo e estágio obrigatório que contribuiu na construção da monografia apresentada ao curso de especialização em pedagogia hospitalar, da Faculdade Evangélica do Paraná, refletiremos sobre a prática educativa e pedagógica.

"Tudo que é imóvel é mais perfeito que o móvel..." Aristóteles

Com base nos filósofos gregos e em destaque Aristóteles, Silva e Libório (2005, p.57) comentan:

[...] o ser perfeito é o que move os outros sem precisar mover-se. O imóvel é mais perfeito que o móvel, e todos os seres se movimentariam em busca dessa perfeição. A realidade era definida em termos de movimentos. Todo e qualquer tipo de mudança, quer quantitativa, quer qualitativa, fazia parte do grande movimento das coisas no mundo por terem ou não perfeição. [...]

A partir desta reflexão de Silva e Libório (2005) percebemos a necessidade que se possui de estar em constante movimento, as pessoas são atores sociais de um cenário móvel, mutante e interativo, onde todos participam intensamente, mesmo que involuntariamente e ou despercebidamente.

Adotando a idéia de que "tudo que se move busca alguma coisa", busca-se, metaforicamente, instigar à reflexões e debates, os quais também pressupõem um movimento na busca de novos saberes, como "mover-se" na busca de conhecer melhor a teoria para, posteriormente, usá-la na prática, construindo um processo dialético de construção do saber e conhecimentos novos.

Edgar Morin (2003) expõe que a teoria e conhecimento não são a mesma coisa (2003, p.24):

[...] Uma teoria não é o conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma chegada, é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução, é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre seu papel cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da atividade mental do sujeito. [...]

Para Morin (2003), a teoria só pode "adquirir vida" quando ela fica visível na realidade do dia-a-dia e torna-se exeqüível, movendo-nos em busca de novos saberes os quais, por sua vez, movimentam a prática. Esse movimento porém, pode acontecer ao expô-los e contextualizá-los sem com isso adotar estes conhecimentos como verdades absolutas, ou como a fonte da verdade, aquele que esclarece e ilumina o plano das idéias e das ações.

Michael Foucault (1979, p.12) escreve que "A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças as múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. [...]" (Grifo meu). Todos constroem verdades a partir da cultura, do repertório pessoal e das necessidades apresentadas à interação e da qual o indivíduo faz parte.

Ao observar crianças hospitalizadas, percebe-se nitidamente a divergência entre as "verdades" dos profissionais da saúde e de outras áreas que atuam com crianças hospitalizadas. Por outro lado estão as verdades das crianças que sofrem com a insegurança, como medo e a dor. Muitas vezes estes "pontos de vista" são divergentes, pois como disse Patativa do Assaré1 no poema "Cante lá que eu Canto cá" (apud Brandão, 1982, p.57), "Com seu verso bem feito/ não canta o sertão dereito (sic) / Porque você não conhece / Nossa vida aperreada / E a dor só é bem cantada / Cantada por quem padece (sic). //.

O ponto de vista de Foucault (1979) e Assaré (apud Brandão, 1982) sobre a verdade é congruente. Percebe-se que a construção do conhecimento, de novos saberes, faz-se em todos os lugares, a qualquer momento, mesmo que não se caracterize uma ação intencionalmente pedagógica, pode ser considerada educativa para as pessoas das classes hospitalares, escolas hospitalares, atores sociais de um cenário em constante transformação, que se encontram enfermas e que continuam possuindo o direito a educação. Dessa forma, as "verdades" se transformam e se confundem em uma necessidade única a educação como facilitadora do processo de socialização. Mesmo porque, sob a teorização perspectivista de Foucault (1979), a "verdade" de quem vê nem sempre é a mesma de quem observa.

Então, o que é educativo e o que é pedagógico?

Inúmeras são as definições e conceitos possíveis para essa questão, como o intuito deste trabalho é motivar questionamentos e aprofundar discussões, ressaltam-se os que possam expressar a relação prática e teórica, confrontando-os. O primeiro pensamente é o de um lavrador do Triangulo Mineiro, que presta uma entrevista ao Professor Carlos Rodrigues Brandão, de onde retiro o seguinte extrato (1982: p. 163-164):

Então, como é que a gente pode pensar essas coisas. Por exemplo, pra você o que que é educação?

Agora complicou, professor (ri, cospe no chão, trabalha o fumo de um cigarro de palha). Então? Agora, o senhor chega e pergunta: "Ciço, o que é educação?" Tá certo. Tá bom. O que eu penso, eu digo. Então, veja, senhor fala: "Educação"; daí eu falo: "educação". A palavra é a mesma, não é? A pronúncia eu quero dizer. É uma só: "Educação". Mas eu pergunto pro senhor: "é a mesma coisa"? "É do mesmo que a gente fala quando diz essa palavra?" Aí eu digo: "Não". Eu digo pro senhor desse jeito; "não, não é". Eu penso que não.

É, Cícero, eu acho que você pode ter razão aí nisso aí...

Educação... quando o senhor chega e diz "educação", vem do seu mundo, o mesmo... um outro. Quando eu sou quem fala, vem dum outro lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar da vida dum pobre, como tem gente que diz (ri, ri de novo). Comparação. No seu, essa palavra vem junto com o quê? Com escola, não vem? Com aquele professor fino, de roupa boa, estudado; livro novo, bom, caderno, caneta, tudo muito separado, cada coisa no seu jeito, como deve ser. Um estudo que cresce e que vai muito longe de um saberzinho só de alfabeto... uma conta aqui, outra ali. Do seu mundo vem um estudo de escola que muda gente em doutor. É fato? Penso que é, mas eu penso de longe (ri de novo). Porque eu nunca vi isso por aqui.

Eu penso que a educação foi uma coisa boa pra mim, Ciço. Mas lá onde eu estudei a gente aprendia a achar que educação é uma coisa que devia de ter da mesma maneira pra todo mundo. Estudo, saber, uma vida que melhora; tudo isso.

Assim, a educação expressa pelo lavrador é a do cotidiano pertencente ao saber popular que, às vezes, distancia-se dos conceitos científicos, mesmo porque nem todos têm acesso a "mesma educação" de qualidade. Na afirmação de Antônio Cícero de Souza - referindo-se aqui à educação formal, percebe-se novamente, a transitoriedade da "verdade".

Já Libâneo (2005, p.75), cita Dewey (1979, p.83 apud Libâneo, 2005, p. 75) sobre o conceito de educação:

A educação não é a preparação para a vida, é a própria vida (...). A educação é uma constante reconstrução da nossa experiência, que opera uma transformação direta da qualidade da experiência, isto é, esclarece e aumenta o sentido da experiência e, ao mesmo tempo, nossa aptidão para dirigirmos o curso das experiências subseqüentes.

Percebem-se aqui os contrastes entre os saberes populares e os conceitos teóricos, elaborado com habilidade por Dewey, em um conceito teórico muito próximo ao que o lavrador diz com palavras simples. Delineia-se a percepção de que a educação é mais que um simples ato intencional e programado, ou mesmo um conceito científico, mas como afirmou Dewey, "é a própria vida". Com isso, pode-se afirmar que ela ocorre com certeza no ambiente hospitalar.

O hospital ao contrário do que está no imaginário social2, como "o local aonde se vai para morrer", hoje com todas as modificações que houveram e que ainda estão ocorrendo, o hospital é o lugar aonde vamos em busca da cessação da dor, em busca da cura, e é um lugar onde vivemos situações representativa para toda a vida, é sim um local de aprendizagem para adultos, crianças, adolescentes.

Libâneo (2005, p. 82) ainda fala que:

A educação, enquanto atividade intencionalizada, é uma prática social cunhada como influência do meio social sobre o envolvimento dos indivíduos na sua relação ativa com o meio natural e social, tendo em vista, precisamente, potencializar essa atividade humana para torná-la mais rica, mais produtiva, mais eficaz diante das tarefas da práxis social postas num dado sistema de relações sociais.

Todos os pensamentos expostos convergem para a educação como uma ação, uma prática humana. E é objetivo destacar que as práticas educativas e ou pedagógicas ocorrem em qualquer lugar, é momento de tecer as redes de saberes e conhecimentos intrincados compostos por inúmeros fatores implicados no processo educativo. Cabe analisar as congruências entre todas, enfocando as práticas desenvolvidas com crianças enfermas.

Então, o que é pedagógico? Será que é só o que acontece em sala de aula intencionalmente? Segundo as reflexões de Libâneo (2005, p. 22), a pedagogia:

[...] ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimento sobre a problemática educativa na totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. (grifo meu).

O autor apresenta o objeto da pedagogia e deixa claro que vê a pedagogia como uma ciência, e como tal, possui o seu "campo de conhecimento", apresentando este como (Libâneo, 2005, p. 22): "[...] a problemática educativa na totalidade e historicidade [...]". Bem como ressalta a pedagogia enquanto historicamente constituída, ao entender que esta possui um conhecimento acumulado através dos anos.

Pressupondo a historicidade da pedagogia, é preciso antes ver a uma prática que gere modificações, que não seja passiva e reprodutiva, mas que possa, através das relações dialéticas entre prática e teoria, colaborar na construção da práxis transformadora, geradora de novos saberes, da re-elaboração de conhecimento, seja este de natureza empírica ou científica. O que a prática mostrou durante mais de 10 anos de atuação nos ambientes da saúde foi que a ação do pedagogo deve extrapolar conceitos, métodos e teorias pedagógicas quando confrontadas com a realidade por vezes caóticas dos hospitais, pois estas exigem do profissional mais do que seus arcabouços teóricos lhe disponibilizam. É preciso buscar um maior preparo profissional, mas também, sensibilidade pessoal para perceber até que ponto o "científico" alcança e, a partir de onde, o afetivo é fundamental.

Usando do exemplo de Fonseca (2003) ao falar de crianças hospitalizadas, confirmam-se as observações tecidas no parágrafo anterior sobre a prática do pedagogo. Comenta (Sexton, 1960, apud Fonseca, 2003, p.21-22):

É relevante a qualquer profissional que lida com crianças, incluindo-se aquelas hospitalizadas, estar consciente de que mesmo que consideremos que a criança não dispõe de habilidades para compreender a totalidade do que a ela está sendo dito, a explanação gera no interlocutor (principalmente na criança pequena) uma certa segurança, diminui a desconfiança e facilita o contato entre ela e aquele que a ela se dirige.

Neste sentido, vêem-se as práticas pedagógicas configurando de diversas formas e extrapolando o método pedagógico e a atuação limitada que alguns profissionais da educação pressupõem para o pedagogo e educador. Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula ao relatar a sua prática no Hospital Irmã Dulce em Salvador -Bahia, diz (Paula, 2005, p. 19):

[...] Alunos e professores revelam suas tencialidades, onde o professor aprendia que nem toda criança é tão frágil quanto aparentava e que o limite do leito não era fator limitador para a aprrendizagem. Aos poucos, o professor aprendia que as possibilidades das crianças eram maiores do que imaginava. [...] Alguns conseguiam lidar tranquilamente com essas questões, outros encontravam mais dificuldades, pouco acolhimento e suporte para expressar o que sentiam e organizar sua prática pedagógica.

O entrecruzar de teoria e prática, consolidando a práxis alicerçada na diversidade tanto de "saberes" quanto de "fazeres", o tecer de uma rede social constituída muito mais do que por alguns saberes e conhecimento, mas por sentimentos, por necessidades, ou melhor dizendo, por pessoas, atores sociais, contrariando o conceito de "paciente" daquele que espera pelo que virá. Na educação não se pode esperar, pois esta não se faz sozinha, já que é "a própria vida". E o que movimenta os profissionais da educação que atuam em ambientes não escolares, neste caso o hospital, é sim seu repertório pessoal somado aos conhecimentos científicos, aos pensamentos pedagógicos, bem como uma boa "pitada" de humanidade.

Mais adiante, ao versar sobre prática educativa, Libâneo (2005, p.69) afirma que: "[...] prática educativa é o objeto peculiar de estudo da ciência pedagógica, que dá unidade aos aportes das demais ciências da educação".

Libâneo (2005) expõe ainda as idéias de Planchard que afirma (Planchard, 1975, p.26 apud Libâneo, 2005, p. 72), "[...] educar em seu sentido etimológico, é conduzir de um estado para outro, é agir de maneira sistemática sobre o ser humano, tendo em vista prepará-lo para a vida num determinado meio. [...]".. Nesse caso o conduzir refere-se aos procedimentos metodológicos.

Surge ao nosso olhar a díade Pedagogia X Educação, uma simbiose entre as ciências complementando-se proveitosamente no entrecruzamento dos objetos de estudo e dos sujeitos da práxis. O processo educativo, a educação, a pedagogia, transformam-se na mesma medida que os atores sociais enredados em suas teias de ações e construções. Seria ousado dizer que o saber e o conhecimento seduzem os sujeitos implicados em suas construções. Todos são possuidores de saberes e cabe às ciências sistematizà-los e organiza-los dentro de seus parâmetros para assim chamà-los de conhecimentos. O "tatear" do real modifica ambos e assim vai aos poucos construindo novos saberes, nova práxis.

"Ciência Pedagógica", como diria Libâneo (2005), transforma e é transformada pela ação dos pedagogos e educadores, pela prática pedagógica intencional, metodologicamente estruturada e baseada nas necessidades prementes do público a ser atendido. A prática pedagógica deve ser pensada então muito além de conceitos teóricos, mas nas idéias da práxis que prevê que as relações entre prática e teoria constroem-se conjuntamente em uma relação horizontal. A construção dos conceitos norteadores para Prática Pedagógica é pensar na relação dialética e dialógica intencional de educar, de como, com quem, para quem, junto com quem, com quais instrumentos e elementos. É pensar a prática refletindo nos fatores históricos, sociais, culturais, individuais e coletivos dos atores sociais envolvidos.

Libâneo (2005, p.142) coloca que:

O mundo contemporâneo não apenas apresenta-se como sociedade pedagógica (Bellerot, 1986), como pede ações pedagógicas mais definidas, implicando uma capacitação teórica e profissional de pedagogos e professores muito além daquela que apresentam hoje. [...] a Pedagogia envolve trabalho com uma realidade complexa, faz-se necessária que invista na explicitação da natureza do seu objeto, no refinamento de seus instrumentos científicos e tecnológicos.

É em um contexto diverso e complexo em que a pedagogia hospitalar vem instalar-se como uma "pedagogia da multi, inter e transdisciplinaridade", a qual capacita sim o pedagogo para atuar nos hospitais, procurando oferecer subsídios aos profissionais da saúde que pretendem. Nessa realidade os pedagogos também se vêm obrigados a atuarem como educadores, a fim de suprir uma demanda emergente de crianças hospitalizadas, as quais precisam que seus direitos a educação sejam respeitados. Assim sendo, e sem terem outra alternativa, são impelidos muitas vezes por sentimentos nobres de humanizar o ambiente hospitalar, contribuindo como educadores esmerados.

Nas palavras de Libâneo, "[...] O que define algo -um conceito, uma ação, uma prática- como pedagógica é, portanto, a direção de sentido, o rumo que se dá às práticas educativas. [...]". (2005, p. 142). Nas ações educativas nos hospitais, muito diversificadas, por vezes lúdicas, distingue-se em muitas delas o caráter pedagógico claro e objetivo, por vezes, sem a presença do pedagogo a Prática Pedagógica acontece em sala de espera, enfermarias, dentre outros ambientes hospitalares.

Experiências desenvolvidas em salas de espera de diversos hospitais curitibanos, por exemplo a que foi realizada no ambulatório pediátrico do Hospitalar Universitário Evangélico de Curitiba, pela Prof. Mcs Simone Rossi Cardoso3, onde se disponibilizaram brinquedos e jogos de diversos temas e tipos, com a intenção de observar como crianças e adolescentes envolver-se-iam nas atividades em um local onde o "brincar" é esquecido como direito que o é e torna-se, muitas vezes, fator de risco a infecções hospitalares se não observadas as devidas normas de biosegurança na limpeza e esterilização do material utilizado.

Assim, se pergunta: só porque estas atividades não foram realizadas em sala de aula, mas em sala de espera elas deixaram de ser "uma prática pedagógica"? (todos os profissionais envolvidos eram pedagogos) Acredita-se que não!

Morin entende que "A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana.". (2002, p. 47). E, nesta visão holográfica de educação, o pedagogo e todos os outros profissionais que atuam na educação necessitam ser mais do que simplesmente especialistas em procedimentos didático pedagógicos e ou de práticas de ensino, o pedagogo deverá ser um especialista em "humanidades". Compartilhando os pensamentos de Morin (2002, p. 47) para refletir sobre o humano (o ser humano): "Conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo, e não separá-lo dele. [... ] todo conhecimento deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente. 'Quem somos? é inseparável de 'Onde estamos?, De onde viemos?, 'Para onde vamos?'" (grifo do autor)

Referindo-se a condição humana, afirma (Morin, 2002, p. 47-48):

Interrogar nossa condição humana implica questionar primeiro nossa posição no mundo. O fluxo de conhecimentos, no final do século XX, traz nova luz sobre a situação do ser humano no universo. [...] O humano continua esquartejado, partido como pedaços de um quebra-cabeça ao qual falta uma peça. [...] As ciências humanas são elas próprias fragmentadas e compartilhadas. Assim, a complexidade humana torna-se invisível e o homem desvanece "como um rastro na areias" (grifo do autor)

Surge aqui mais uma questão, será que nós, pedagogos, profissionais das ciências humanas temos como compreender essa complexidade4que Morin (2002) fala? será que estamos suficientemente preparados? Sem querer dar respostas assertivas, a complexidade que se apresenta em salas de aulas e outros locais onde a educação acontece pode vir a extrapolar e muito a compreensão de um profissional, mas é necessária sim, a participação dos diversos profissionais para podermos atuar multi, inter e transdisciplinarmente. Paulo Freire (1981, p.21) escreveu que: "[...] O profissional deve ir ampliando seus conhecimentos em torno do homem, de sua forma de estar sendo no mundo, substituindo por uma visão crítica a visão ingênua da realidade, deformada pelos especialismos estreitos"

O "COMPLEXO" LOCAL DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

A pedagogia hospitalar, partindo de uma proposta multi, inter e transdisciplinar, como afirma Mattos e Mugiatti (2006, p.89):

Sob a influência de nova mentalidade, novos enfoques, com a abrangência ao homem como ser total vem a Pedagogia Hospitalar despontando com enorme força de contribuição para o afastamento do enfoque conservador exclusivamente biológico, quando ignoradas as múltiplas contradições presentes no processo saúde-doença.

As contribuições aqui apresentadas de Mattos e Mugiatti (2006) mostram que a pedagogia hospitalar surge calcada na compreensão da pessoa como um ser complexo e interativo. O profissional que pretende trabalhar com a pedagogia hospitalar deve possuir qualidades que possibilitem a este perceber as pessoas atendidas como o "outro" complexo, inserido em uma realidade mutante e complexa. A equipe em que o pedagogo hospitalar atuará, é aconselhável que seja sempre formada por uma diversidade de profissionais das várias áreas do saber, Mattos e Mugiatti (2006, p.90) comentam:

O assistente social e o pedagogo e profissionais afins, como participantes de dispensáveis nessas equipes, possuem condições de oferecer concretas contribuições no que concerne à compreensão realista dos problemas sociais do hospitalizado e da sua família, frente às situações delicadas que envolvem o trinômio saúde-doença-ospitalização.

Estas autoras aludem à necessidade das ações interdisciplinares frente à complexidade da realidade observada e das necessidades postas no dia-a-dia da hospitalização. Mattos e Mugiatti (2006) mencionam ainda em seu livro que: "a reação, ante a enfermidade/ hospitalização depende de tantas variáveis que o comportamento das crianças/ adolescentes será quase sempre impossível de se prever. [...]". (2006, p.104). E acrescento ainda que o comportamento de qualquer pessoa, seja adulto, jovem, idoso ou criança, sempre será imprevisível frente ao desconhecido, ao estranhamento da realidade naquele momento.

Assim também o pedagogo hospitalare (Mattos & Mugiatti, 2006, p.104): "[...] busca modificar situações e atividades junto ao enfermo, as quais não podem ser confundidas com atendimento à sua enfermidade".. Continuando a expor as idéias destas autoras, as atividades desenvolvidas pelos pedagogos no hospital não devem de forma alguma interferir negativamente no desenvolvimento do tratamento da pessoa enferma. As atividades precisam ser muito bem pensadas e planejadas, as ações devem ter em vista as necessidades e as possibilidades da pessoa adoentada e hospitalizada. A prática pedagógica neste caso contempla todos os pré-requisitos a que se precisa para definí-la como tal, antecipadamente planejada, metodologicamente pensada, etc. Então, por que não denominar a atividades desenvolvidas pelos pedagogos hospitalares como práticas pedagógicas?

Fica aqui uma questão para se refletir, se os profissionais pedagogos não estão se detendo por demais em questões conceituais e deixando de lado questões práticas e. acima de tudo, humanas.

OCASOS DAS REFLEXÕES

Quantos castelos se constroem todos os dias? Quantas muralhas teóricas se erguem para materializar proteções, do que... por que... , de quem... , de que não se desconhece... e ou não se sabe... ? Será que teorias quando estão distantes da realidade e não tem "serventia" às necessidades do dia-a-dia não são esconderijos, passagens secretas para uma "Terra Do Nunca" onde tudo pode ser real... até que se prove o contrário?

Freire (1981) dialogando sobre educação pensa que (1981, p.27):

O cão e a árvore também são inacabados, mas o homem se sabe inacabado e por isso se educa. Não haveria educação se o homem fosse um ser acabado. O homem pergunta-se: quem sou eu? De onde venho? onde posso estar? O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como um ser inacabado, que está em constante busca. Eis aqui a raiz da educação.

Pedagogos e outros profissionais, são às vezes, sonhadores e outros realizadores, quando criam teorias mirabolantes que tentam resolver e responder a toda e quaisquer situação premente do nosso "que fazer", são "sonhadores" sim. Ao propor-se uma reflexão sobre alguns conceitos, teorias e teóricos viaja-se na velocidade de um pensamento para chegar a algum lugar, e um desses lugares é com certeza a reflexão e o pensamento crítico, outro o diálogo com os autores e leitores, uma interação indispensável no processo de aprender e de humanizar-se.

Sabe-se: "todos são inconclusos" e precisam ter sempre claro estar em movimento buscando algo. Podem ser sonhos pois sem eles podemos não ter força para buscar e superar novos desafio. Se o ser humano considerar-se um dia "perfeito" poderá estagnar, como diziam os gregos, imóveis e aí morte é certa. Na imobilidade não existe educação, muito menos práticas educativas, se se é "perfeito" para que educar-se? Aristóteles e seus contemporâneos acreditavam também que só se torna "imóvel" quando abandonamos a vida, ou seja, enquanto estejamos vivos estamos em constante movimento.

Ao encerrar esse diálogo sobre as práticas, faz-se necessário remeter-se novamente ao que diz Michael Foucault (1979) que a verdade é culturalmente produzida, pelo sujeito e instituída socialmente. Com esta premissa em mente de que "a verdade é deste mundo", relendo o material percebe-se em Boff (1997, p. 5) "[...] cada leitura é uma releitura [...]" e que, com outras palavras, os narradores mostram claramente o que Foucault (1979) afirma cientificamente, com belas palavras sobre a "verdade" constituída por cada um em seu castelo de sonhos e ou mesmo na realidade.

Observando se aprende, sonhando se aprende, atuando se aprende, isso remete às teorias anteriormente citadas, que dizem que a educação acontece em qualquer lugar sem necessariamente ser objetivo do que tentava ensinar, de aprender. Reflexão! Em que lugar dos currículos, planejamentos, projetos pedagógicos e outros instrumentos dos profissionais da educação que vêem antecipadamente os objetivos de suas práticas educativas e ou pedagógicas, onde está declaradamente que um dos objetivos desta ação é aprender com seus educandos? Em que aula, oficina, atividade recreativa, sejam estas construtivistas, interacionistas, ou qualquer outras "ista". Onde está escrito: objetiva-se aprender com os alunos sobre 'isto' ou 'aquilo' assumindo que educandos somos todos nós?

Para muitos é fácil responder, "mas isto não é preciso colocar, não é uma objetivo educativo e ou pedagógico" Não será a falta da humildade em admitirmos oficialmente - por escrito -que se aprende tanto com as pessoas que se pretende educar, quanto elas conosco.

O objetivo neste trabalho foi "incomodar", provocar a desacomodação do conhecimento (como está explicito nas teorias de Jean Piaget), provocar reflexões mais do que grandes elucubrações teóricas. Não que a "teoria" seja dispensável, pelo contrário, é tão necessária a teoria quanto à prática, quanto o diálogo e a reflexão crítica e consciente de que as teorias ainda precisam ser (re)pensadas, para que se possa (re)visitar diversas idéias e pensamentos que contribuirão para o crescimento pessoal e profissional. Não se pode esquecer nunca que toda ação educativa deve ser voltada a seres humanos reais e em constante (re)construção.

E para continuar incomodando ao leitor com questionamentos, o que é educação? o que é educativo? o que é pedagógico? e o humano onde está?


Referências

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BRANDÃO, C. R. (1982) Lutar com a palavra: escritos sobre o trabalho do educador. Rio de Janeiro: Graal. (Biblioteca de Educação v. 2.)

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MORIN, E. (2002) Os sete saberes necessários à Educação do futuro. 6. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO.

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SILVA, D. J. da e LIBÓRIO, R. M. C. (2005) Valores, preconceitos e práticas educativas. São Paulo: Casa do Psicólogo.


Notas

1 Poeta Cearense, morador do sertão com inúmeras publicações, sendo que seu primeiro poema foi ditado por ele e escrito por outra pessoas, porque na época ele ainda não era alfabetizado, mas suas inspirações nunca foram prejudicadas por causa disso, e seus poemas sempre retrataram a vida do sertanejo com imensa propriedade e conhecimento de causa.

2 Refiro-me a este imaginário social sobre o hospital ser o local aonde se vai para morrer, com base em depoimentos e conversas travadas em vários momentos durante os anos de trabalho docente com profissionais da saúde e da educação enquanto docente de curso de especialização, facilitador e co-facilitador de oficinas de capacitação profissional sobre o uso indevido de drogas e aids. Norbert Elias em suas obras "A Solidão dos moribundo" e "Envelhecer e Morrer", cita que desde seu nascimento o hospital era um "morredouro". O propósito deste era um lugar para isolar os moribundos, para evitar a possibilidade de contaminação, ou mesmo de colocar familiares e amigos em situações constrangedoras. Sendo assim, este equipamento social é revestido até hoje por este estigma. Michael Foucault, em O Nascimento da Clínica também faz alusão aos estigmas hospitalares.

3 E com a minha participação na qualidade de estagiário em pedagogia hospitalar, pré-requisito do Curso de Especialização (Lato Senso) em Pedagogia Hospitalar da Faculdade Evangélica do Paraná, turma de 2003.

4 Ver também na mesma obra de Morin, a teoria da complexidade, onde cria a metáfora do holograma para uma melhor compreensão do pensamento do autor a complexidade humana e a condição cósmica.


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